O que é texto? Quais as diferenças entre textos digitais e não digitais?



     

    Olá, amigos!

  A nossa primeira postagem tem uma tarefa muito difícil, responder a seguinte pergunta: "O que é texto?"

 O conceito de texto pode ser concebido de diversas maneiras, sendo assim, pode variar conforme o autor ou a orientação teórica adotada. Diante da reflexão levantada, objetiva-se apresentar cinco conceitos de diferentes autores.

   Segundo Bentes (2001) na primeira fase dos estudos sobre os textos, acreditava-se que as propriedades definidoras de um texto estariam expressas principalmente na forma de organização do material linguístico. Um conceito de texto que bem representa esse período é o do autor Stammerjohann (1975 apud Bentes 2001) que caracteriza o termo “como aquele que abrange tanto textos orais, como textos escritos que tenham como extensão mínima dois signos linguísticos, um dos quais, porém, pode ser suprido pela situação”. Observamos que nessa perspectiva o texto é visto como um produto pronto e acabado, embora seu tamanho seja indeterminado é limitado com um início e um fim.

      Em uma segunda fase sobre os estudos do texto, percebe-se que ele passa a ter um novo conceito. À vista disso, a autora Koch (1997) destaca que “os textos passam a ser o resultado da atividade verbal de indivíduos socialmente atuantes, na qual estes coordenam suas ações no intuito de alcançar um fim social”. Logo, o texto deixa de ser visto como um produto com início e fim e passa a ser tratado no seu próprio processo de planejamento, construção e emissão. Semelhante ao pensamento de Koch, temos Schmidt (1978, p. 170 apud Koch 1997, p. 27) que considera o texto como "qualquer expressão de um conjunto linguístico numa atividade de comunicação - no âmbito de um jogo de atuação comunicativa - tematicamente orientado e preenchendo uma função comunicativa reconhecível, ou seja, realizando um potencial ilocucionário reconhecível”. 

    Medeiros (1996, p. 113), também define texto como “um tecido verbal estruturado de tal forma que as ideias formam um todo coeso, uno, coerente”. A comparação ao tecido elucida que texto não se trata de frases soltas e sim uma sequência textual interligada. Do mesmo modo, o assunto abordado deve ser coerente evitando contradições e os elementos devem estabelecer coesão. 

       Para finalizar os conceitos destacados apresento o de Fávero (2005, p. 6) que considera o texto como “qualquer passagem falada ou escrita que forma um todo significativo independente de sua extensão. Ele é um contínuo comunicativo contextual caracterizado pelos princípios de textualidade: contextualização, coesão, coerência, intencionalidade, informatividade, aceitabilidade, situacionalidade, e intertextualidade”. Desse modo, nota-se que o conceito de texto está relacionado a uma unidade significativa com critérios de textualidade.

       Diante dos conceitos apresentados e dos conhecimentos construídos até aqui, a minha concepção de texto vai ao encontro das ideias de Medeiros e Fávero, pois o texto falado ou escrito e independente da sua extensão deve ser uma unidade organizada e significativa determinada por princípios de textualidade que garantem que ele seja admitido como tal e não apenas um aglomerado de frases soltas.  

    Assim como temos diversas formas de conceituar “texto” também existem múltiplos textos de acordo com as mais variadas situações comunicativas e inovações tecnológicas da atualidade, partindo dessas premissas podemos destacar a existência de textos digitais e não digitais. Souza (2010) destaca em seu artigo que “os textos digitais são aqueles processados no meio digital, produzidos por intermédio de um aparelho eletrônico, mas recebidos em suportes não eletrônicos”. Portanto, diferencia-se das demais formas de texto pela participação de um processamento artificial da linguagem em sua cadeia de difusão. 





REFERÊNCIAS

BENTES, A. C. Lingüística textual. In: MUSSALIN, F.; BENTES, A. C. (org.). Introdução à lingüística I: domínios e fronteiras. São Paulo: Cortez, 2001. p.245- 287.

FÁVERO, Leonor Lopes. Coesão e coerência textuais. 10ª ed. São Paulo: Ática, 2005.

Koch, I. V. O texto e a construção dos sentidos. São Paulo: Contexto, 1997.

MEDEIROS, João Bosco. Redação científica: a prática de fichamentos, resumos, resenhas. 2ª ed. São Paulo: Atlas, 1996.

SOUZA, M. C. Conceito material de "texto digital": um ensaio. Revista Texto Digital, Florianópolis, SC, v. 5, p. 159, 2010. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/textodigital/article/view/18079288.2009v5n2p159/13192.


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